Pesquisadores comprovam que atividades intelectuais intensas podem provocar fadiga mental

Você já sentiu que os erros estão frequentes, se sente cansado? A memória já não está como antigamente e tem dificuldade em ler e compreender após horas de trabalho intenso?

Isso não é coisa da sua cabeça. Pesquisadores franceses publicaram neste mês um estudo que concluiu que a fadiga mental gera mudanças significativas no metabolismo do cérebro.

A revista científica “Current Biology” publicou recentemente uma pesquisa que deixou todos em estado de alerta. Os pesquisadores da Universidade Pitié-Salpêtrière de Paris identificaram que o trabalho intelectual, cognitivo, em tempo prolongado, por volta de quatro ou cinco horas, pode deixar seu cérebro esgotado. Além disso, confirmaram que pode até alterar sua capacidade para tomar decisões e até mesmo para reagir a situações consideradas simples, do dia a dia.

A pesquisa foi realizada com grupos de pessoas exercendo atividades diferentes.

Primeiramente, os pesquisadores fizeram o estudo com dois grupos de pessoas, enquanto exerciam uma atividade. O primeiro grupo se ocupou de uma atividade intelectual, e o segundo grupo trabalhou com atividades rotineiras, mais simples. Ficou evidente através do monitoramento cerebral que o primeiro grupo apresentou fadiga mental. Isso foi evidenciado através do acúmulo de substâncias potencialmente tóxicas – níveis altos de glutamato – no córtex pré-frontal. Essa parte do cérebro é responsável pelas funções que proporcionam ao indivíduo ter atenção, concentração, memórias e planejamento.

Além disso, o site da CNN compartilhou detalhes da pesquisa citando que “no estudo, 40 pessoas receberam uma versão fácil ou difícil de uma tarefa que envolvia diferenciar letras em uma tela por mais de seis horas. Os participantes relataram seus níveis de fadiga e os pesquisadores usaram espectroscopia de ressonância magnética (MRS) para monitorar sua resposta metabólica durante todo o período do estudo.”

Resultado da pesquisa indica que é preciso preservar o cérebro

Um dos pesquisadores, Mathias Pessiglione, afirmou: “As descobertas mostram que o trabalho cognitivo resulta em uma verdadeira alteração funcional, com acúmulo de substâncias nocivas”. E ainda alertou que: “a fadiga seria de fato um sinal que nos faria parar, mas com um propósito diferente: preservar a integridade do funcionamento do cérebro”.

Logo após, a neuropsicóloga, doutoranda em engenharia biomédica e professora de bases neurais da Faculdade Uniessa (Uberlândia), reforçou que atividades não automáticas realmente são mais cansativas. Dessa forma, cita por exemplo os jogadores de xadrez, que ficam esgotados após quatro ou cinco horas.

Então, é importante cada pessoa se observar, identificar como seu cérebro e mente se tornam exaustos e assim procurar técnicas para reduzir essa fadiga. O alerta que a pesquisa também traz é que identificar o nível de cansado mental não é tarefa fácil. As pessoas não percebem que o cansaço já está influenciando de forma negativa seu raciocínio e tomada de decisão. Por isso é importante cuidar da saúde mental com descansos periódicos, novas atividades de lazer, exercícios físicos, dentre outros.

Igualmente, e com o aumento do índice de turnover no Brasil, fica evidente que a gestão de pessoas das empresas deve ter atenção a esse fato e desenvolver ações e estratégias para aplicar nas empresas.

Veja 4 dicas e estratégias para utilizar no dia a dia:

  1. Identifique o que gera estresse em casa ou no seu trabalho, como você tem lidado com isso e o que pode fazer diferente, se necessário.
  2. Aprenda a lidar com o estresse e desenvolva a resiliência – otimize competências e habilidades para lidar com situações estressantes no trabalho como inteligência emocional, capacidade de negociação e construção de bons relacionamentos com os colegas. A ajuda de um psicólogo pode ser muito bem-vinda.
  3. Desenvolva ações de autocuidado como pausas no trabalho, se exercitar, ter boa alimentação, praticar meditação, descansar e realizar atividades prazerosas – é nestes momentos que o nosso corpo e mente se fortalecem e se recuperam do estresse diário. Você pode usar a técnica Pomodoro, muito utilizada por vestibulandos: a cada vinte e cinco minutos de dedicação mental intensa, descanse cinco minutos;
  4. Negocie prioridades, prazos, metas e delegue tarefas – procure construir com os seus familiares, pares e superiores uma relação de confiança, comunicação transparente e apoio mútuo;
  5. Gerencie o tempo e respeite os seus limites. Distribua as atividades diárias de forma compatível com a sua realidade. Sendo assim, leve em consideração não somente as atividades relativas ao trabalho, mas também as dedicadas às questões pessoais e de lazer. Se você está em Home office, coloque limite de horário.

Enfim, ações mais assertivas precisam ser executadas pela gestão de pessoas para reduzir os problemas das empresas. Uma importante ferramenta que pode ser usada é o people analytics. Assim poderão ser aplicadas ações mais assertivas para reduzir stress, sindrome de burnout e esgotamento mental, como também turnover e absenteísmo.

Paula Lourenço

Consultora de RH na Loris Consultoria

1 Comentário
  • Ana Paula Caixeta

    26 ago 2022 - 11:08 am

    Super interessante e de grande utilidade essa informação.

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